5 de setembro de 2012

Poeminha da semana:

“Nada posso lhe oferecer que não exista em você mesmo, não posso abri-lhe outro mundo além daquele que há em sua própria alma, nada posso lhe dar, a não ser a oportunidade, o impulso, a chave.
Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo. E isso é tudo.”
(Hermann Hesse)

20 de junho de 2012

All Work And All Play


All work and all play (legendado) from Box1824 on Vimeo.




Este vídeo é o resultado de diversos estudos realizados pela Box1824 e é um projeto sem fins lucrativos ou comerciais. Box1824 é uma empresa de pesquisa especializada em tendências de comportamento e consumo.
Escrito e dirigido por : Lena Maciel, Lucas Liedke e Rony Rodrigues
Agradecimento especial : Zeppelin Filmes
Montagem: Fernanda Krumel
Finalização: Bebop Studio

13 de junho de 2012

Sombra & Persona

To truly find yourself you should play hide and seek alone.

Para se conhecer verdadeiramente, você deveria brincar de esconde-esconde sozinho.








4 de junho de 2012

... man is but a paltry thing,
A tattered coat upon a stick, unless
Soul clap its hand and sing, and louder sing
For every tatter in its mortal dress,
Nor is there singing school but studying
Monuments of its own magnificence...
YEATS. "Sailing to Byzantium".

[Um] homem é apenas uma ninharia,
trapos numa bengala à espera do final,
a menos que a alma aplaudada, cante e ainda ria
sobre farrapos do seu hábito mortal;
nem há escola de canto, ali, que não estude
monumentos de sua própria magintude...
trad.: Augusto de Campos

1 de junho de 2012

Folha de São Paulo - Equilíbrio e Saúde
30/05/2012 - 07h30

A maldade está em cada ser humano, diz guru brasileiro

CYNTHIA GREINER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Psicólogo que virou guru, o brasileiro Prem Baba está radicado na Índia desde 2002. Mas viaja pelo mundo todo, para participar de encontros que combinam meditação e ensinamentos a seus mais de 5.000 seguidores. Neste mês, está no Brasil.


Divulgação
Prem Baba em evento comemorativo pelo dia do guru, em Nazaré Paulista, interior de SP
Prem Baba em evento comemorativo pelo dia do guru, em Nazaré Paulista, interior de São Paulo

Prem Baba, que segue a tradição sachcha ("caminho do coração") do hinduísmo, cunhou o conceito de "matrizes do eu inferior" para explicar a maldade humana, os impulsos inconscientes e o autoconhecimento.
Em entrevista à Folha, o guru falou sobre o lado sombrio e as fraquezas de todo o ser humano.
*
Folha - Não sabemos lidar com nossa própria maldade?
Prem Baba - Somos levados a acreditar que a violência só acontece no coração dos criminosos, dos terroristas, mas a maldade está em cada ser humano, dentro de casa, na estupidez ou no desrespeito com o companheiro, com os filhos.

Mas o desrespeito parece bem diferente da maldade. Qual a conexão entre os dois pontos?
O que une é o preconceito. São impulsos de ódio. E, mesmo que não se manifeste na intensidade dos casos que lemos nos jornais, existe uma conexão. Todos temos o que chamo de "matrizes do eu inferior": gula, preguiça, avareza, inveja, ira, orgulho, luxúria, medo e mentira. São pontos escuros que fazem parte da estrutura psíquica. São como entidades que agem à revelia da vontade consciente. Alguns carregam essas partículas de energia de forma mais intensa, mas o ódio de alguém que bate no outro não é diferente do ódio que sinto do meu filho quando ele faz algo que não quero. É a mesma necessidade de controle.

O que diferencia uma pessoa controlada de uma que perde o controle?
A formação, a moralidade, as crenças que cada um desenvolve. Algumas pessoas não têm o filtro que regula a manifestação da violência. Quanto maior a inconsciência a respeito dos pontos escuros da estrutura psíquica, menos domínio temos sobre a atuação deles. A consciência se expande gradativamente, é um desenvolvimento.

Qual o risco de se deixar levar?
Criar situações negativas para si mesmo e não conseguir mudar de direção. Por exemplo: a vontade de equilibrar a vida financeira. Muita gente tenta de tudo, mas, inevitavelmente, gasta mais do que recebe. A única possibilidade de interromper o círculo vicioso é o autoconhecimento: ter disposição de olhar para si mesmo e perceber que a responsabilidade está dentro de nós, e não fora. As sombras precisam ser focalizadas e transformadas, porque sabotam a realização do que queremos conscientemente.

Não há um lado positivo na sombra?
É um mecanismo de defesa. Protege o ser humano das dificuldades. Humilhação, abandono e exclusão criam feridas profundas. Para sobreviver é preciso usar esses mecanismos sombrios.

Como jogar luz na sombra?
Primeiro passo: identificando. O que faz um diabético comer açúcar? Ele tem que identificar que existe dentro dele uma vontade de adoecer por algum motivo. Meu trabalho é ajudar a identificar essa voz contrária. A primeira coisa a fazer é um inventário de problemas.

Isso não é nada fácil...
Não é, porque você vai entrar em contato com dores profundas e difíceis de encarar. Por isso, é mais fácil ficar amortecido nesse círculo vicioso. É preciso ter coragem de admitir as imperfeições humanas, sem querer estar acima delas.

A transformação leva à espiritualidade?
A espiritualidade é uma realidade. Mas a realidade é aquilo que sobra depois que você se liberta de todos os conceitos, de todos as ideias pré-concebidas e de todas as verdades emprestadas. É o que eu costumo chamar de verdade irrefutável.
Texto sobre Mitologia e sua aplicabilidade no cotidiano

     “Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que, o que estamos procurando é uma experiência de estarmos vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntima, de modo que realmente sintamos o enlevo de estarmos vivos.”  Joseph Campbell em entrevistas com Bill Moyers

Por que os MITOS?
Para Campbell, um de nossos problemas, hoje em dia, é que não estamos familiarizados com a literatura do espírito. Estamos interessados nas notícias do dia e nos problemas do momento. Antigamente, o campus de uma universidade era uma espécie de área hermeticamente fechada, onde as notícias do dia não se chocavam com a atenção que você dedicava à vida interior. Quando um dia você ficar velho e, tendo as necessidades imediatas todas atendidas, então se voltar para a vida interior, aí, se você não souber onde está ou o que é esse centro, você vai sofrer.
A literatura grega e latina e a Bíblia costumavam fazer parte da educação de modo geral. Contudo, tendo sido suprimidas, toda uma tradição de informação mitológica se perdeu. Muitas histórias se conservavam de hábito, na mente das pessoas.
Quando a história está em sua mente, você percebe sua relevância para com aquilo que está acontecendo em sua vida. Isso lhe fornece perspectiva e de certa maneira, um conforto emocional e psíquico. Com a perda dessa tradição oral, perdemos também essa capacidade de nos espelharmos nas grandes histórias e de traçarmos pontos que nos conectem com algo maior, algo espiritual e significativo. Esses bocados de informação, provenientes dos tempos antigos, que têm a ver com os temas que sempre deram sustentação à vida humana, que construíram civilizações e ajudaram a criar religiões através dos séculos, os mitos têm a ver com os profundos problemas interiores, com os profundos mistérios, e quando o sujeito está excluído dessa realidade não sabendo o que querem  dizer os sinais ao longo do caminho, terá de produzi-los por sua conta.  
Na teoria junguiana, os mitos podem ser considerados a forma, a imagem dada aos complexos e aos arquétipos. Nesse sentido, Stein (1998), afirma que a personalidade de um indivíduo é composta por diversas subpersonalidades, indo dessa forma de encontro com a ideia de unidade psíquica. E, nesse sentido, o autor afirma que “somos feitos de muitas atitudes e orientações potencialmente divergentes, as quais podem facilmente cair em oposição recíproca e criar conflitos que culminam em estilos neuróticos de personalidade” (STEIN, 1998, p. 97). Tais atitudes e orientações são os denominados complexos, conceito desenvolvido por Jung para descrever como o inconsciente pessoal manifesta as suas tonalidades emocionais, as quais constituem a intimidade pessoal da vida anímica (JUNG, vol. 9/1, 2003). Para Jung, os complexos podem se manifestar de forma autônoma e/ou possessiva e, portanto, quando o complexo do ego percebe que há a invasão iminente de outro complexo, este se torna mais rígido, aumentando assim a sua postura unilateral. Por conseguinte, o complexo que está invadindo o ego se manifestará de forma mais complexada (JUNG, vol. 9/2, 1988). Em seu texto “Sobre os arquétipos do inconsciente coletivo”, Jung (vol. 9/1, 2003) esclarece que a camada mais profunda do inconsciente é o inconsciente coletivo, formado por pensamentos arcaicos e míticos. Sustenta que tais estruturas, denominadas arquétipos, são universais aos seres humanos, no sentido de todos os seres humanos as terem presente em sua constituição. É através da interação dos arquétipos com o mundo que criamos os complexos e, com estes, podemos compreender melhor como o psiquismo de um paciente, de um profissional ou de uma criaça se constitui. É importante ressaltar que, durante toda a obra junguiana, o autor valorizou o aspecto dialético do psiquismo humano, ou seja, a permanente tensão entre contrários (entre forças/impulsos/complexos psíquicas contrárias), de maneira que não se pode falar de um conceito separado do todo. Jung sempre enfatizou o processo simultâneo das manifestações psíquicas, ou seja, em sua teoria  é descabido falar sobre arquétipos separados dos complexos, assim como  é também impraticável falar sobre o complexo da sombra sem levar em consideração o complexo da persona (JUNG, vol. 9/2, 1988).
A forma pela qual os complexos se manifestam é a projeção, conceito muito caro à teoria analítica, pois se diferencia de maneira fundamental da teoria psicanalítica. Para Jung (vol. 7/2, 2004), a projeção não é um mecanismo de defesa, mas sim a única forma de expressão do inconsciente. Ele (inconsciente) se projeta em acontecimentos/coisas externas e, por meio dessa projeção, temos acesso à interioridade do paciente. Dessa maneira, a mitologia grega pode ser considerada uma forma de projeção do homem ocidental, que descreveu e categorizou muitos complexos por ele observada. Já López-Pedraza (2010) pontua que a mitologia grega clássica é a forma central  da vida religiosa do homem grego e que os personagens míticos são imagens arquetípicas mitológicas muito particulares, representantes de uma tradição cultural e de uma religião. Para tanto, os mitos são expressões genuínas de uma psique coletiva, que integra o homem dentro de um espaço, tempo e realidade.
Os mitos, afirma Hillman (1995), acontecem no discurso e são vividos na forma em que falamos e imaginamos. Por exemplo, a literalidade do mito de Édipo tomada pela Psicanálise, onde Laio e Édipo se assustaram com a profecia e a tomaram de forma concreta, desse modo, Freud foi capturado por uma versão literal do mito. Nesse sentido, Freud também caiu no literalismo oracular que levou e sucumbiu à tragédia.

“Se Édipo é o nosso mito, os analistas nunca terão suficiente cautela em relação a ler os sonhos como predições e aconselhar ações a partir deles. Exatamente quando nos sentimos no caminho de clarear enigmas, podemos estar indo rumo à tragédia. (...) A psicanálise caminha por sua própria sombra e perpetua a sombra de seu mito trágico.” (HILLMAN, 1995, p. 100)

Rosa Maria Carollo Blanco afirma que para Kérényi o mito é simultaneamente criação e criador do homem ocidental. Segundo o autor (apud Blanco):
“Porque mito, como forma narrativa, é aquela que desperta ecos no narrador e no ouvinte. O que caracteriza a narrativa mítica é que aqui, as suas pessoas dramáticas não se limitam a representar o drama mas, elas o constroem realmente. As pessoas dramáticas são escolhidas e, simultaneamente, se impõem. Uma traz outra depois de si e a história – por sua própria vontade -   passa a existir; ao narrador só cabe completá-la. E a completação, durante o tempo todo é condicionada pelos personagens e pelo seu comportamento intencional.” (Kérényi, 1993 a 98, p 21 apud. Blanco)

Referências Bibliográficas